sexta-feira, outubro 12, 2007

Os novos usos das velhas substancias

«O álcool é o grande aglutinador da socialização dos jovens». Foi com esta frase que Juan Llopis Llacer, em entrevista à revista dependências, caracterizou um dos flagelos da sociedade mais jovem do século XXI ao mesmo tempo que nos fala da problemática dos novos usos das substancias mais antigas.

Trouxe-nos uma apresentação sobre novas substâncias, pode-se falar das novas substanciam nos dias de hoje?

Pode-se falar de novos usos, novas substancias desde os princípios do século XX, problemas que agora surgem de outra forma e noutro contexto e, por isso, pode-se falar de novas substancias, ou melhor, velhas substancias com novos usos.

Podemos dizer que há respostas para essas novas substâncias?

Temos que ter novas respostas até porque os novos usos ultrapassam as respostas e como tal temos que ser criativos e inventar novas respostas, modificando os nossos programas, as nossas intervenções com novas formas de tratar para que possamos adaptar-nos aos novos usos das substancias e obter uma resposta valida.

Quando falamos de usos ou novos abusos estamos a falar de gente mais nova?

Sim gente mais jovem e principalmente gente jovem sem conhecimentos e sem percepção dos riscos, isto sim é um problema, nestes casos os usos são mais abusivos, com mais risco e mais problemáticos. Estas substancias criam problemas que passam para outras substancias como as que já conhecemos, como a cocaína e a heroína e nestas parece-me que temos respostas, mas claro que falamos de jovens que chegam a estas drogas, não directamente como antes, mas através de drogas estimulantes, dos extasies, das anfitaminas e derivados.

E o álcool como está?

O álcool é o grande aglutinador da socialização dos jovens, hoje em dia os jovens socializam-se através do álcool, este é o aglutinador da cultura juvenil mais jovem, com 13 e 14 anos.

Já temos respostas?

Infelizmente não temos respostas e actualmente é já um problema social, não é um problema sanitário e, por isso, não temos respostas. Só há respostas sociais, só há respostas legais, respostas do tipo governativo e policial, sanitárias ainda não temos.

Se ainda não temos respostas, existem culpados?

Eu não diria que há culpados porque os culpados seríamos todos, é a cultura que criamos, a cultura do rápido e do imediato, do lúdico, aí está a culpa, é a cultura que criamos, mas isso criamos todos.

Que pensa do XX encontro das Taipas?

Estou apaixonado pelo encontro das Taipas, é um prazer estar aqui porque é um dos poucos sítios que participo e vejo que se partilham muitas coisas, por exemplo, a mesa onde estava partilhavam ideias muito avançadas e diversificadas, como por exemplo, falavam de cocaína, de planos psiquiátricos ou sociais e isto não se vê noutros congressos onde só se discutem questões biológicas ou só sociológicas e aqui encontra-se um tronco multidisciplinar, o que me parece o mais interessante.