Epístola de Tomas Morus a Pedro Egídio
(...) A maior parte das pessoas ignora as letras; muitas chegam a despreza-las. Um barbaro rejeita abruptamente tudo quanto nao e barbaro. Os semiletrados desprezam como vulgar tudo quanto nao abunda em termos absoletos, e so gostam do que e antigo. Os mais numerosos so tem prazer nas suas proprias obras. Um e tao austero que nao permite a minima brincadeira; outro e tao pouco espirituoso que nao suporta a minima ironia. Ha-os tao fechados a ironia que uma graca os leva a fugir, qual homem raivoso, quando ve agua depois de mordido por cao hidrofobo. Outros ha, caprichosos, que cessam de louvar, logo que se erguem, o que, sentados, haviam elogiado. Outros ainda tem catedras nas tabernas e decidem, entre dois copos, sobre o talento dos autores, proferido peremptorias condenacoes segundo o humor do momento, arrepanhando os escritos de um autor como que para lhe arrancar os cabelos um a um, enquanto eles se sentem tranquilamente ao abrigo das flechas, os bons apostolos, tonsurados e barbeados quais lutadores para nao deixarem nem um pelo ao adversario. Ha tambem os desgracados que acham grande prazer em ler uma obra sem o minimo reconhecimento ao autor, semelhantes aos convidados sem educacao que, generosamente tratados a farta mesa, saem saciados sem uma palavra de bem haja ao anfitriao. (...)
In 'A Utopia'
In 'A Utopia'

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