Escuta Zé Ninguem!
(...) Nunca te ouvi queixar: 'Voces promovem-me a futuro senhor de mim proprio e do meu mundo, mas nao me dizem como faze-lo e nao me apontam erros no que penso e faco.' Deixas que os homens no poder o assumam em teu nome. Mas tu mesmo nada dizes. Conferes aos homens que detem o poder, quando nao o conferes a importantes mal intencionados, mais poder ainda para te representarem. E so demasiado tarde reconheces que te enganaram uma vez mais. Mas eu entendo-te. Vezes sem conta te vi nu, psiquica e fisicamante nu, sem mascara, sem opcao, sem voto, sem aquilo que faz de ti 'membro do Povo'. Nu como um recem-nascido ou um general em cuecas. Ouvi entao os teus prantos e lamurias, ouvi-te os apelos e esperancas, os teus amores e desditas. Conheco-te e entendo-te. E vou dizer-te quem es, Ze Ninguem, porque acredito na grandeza do teu futuro, que sem duvida te pertencera. Por isso mesmo, antes de tudo o mais, olha para ti. Ve-te como realmente es. Ouve o que nenhum dos teus chefes ou representantes se atreve a dizer-te: Es o 'homem medio', o 'homem comum'. repara bem no significado destas palavras: 'medio' e 'comum'. Nao fujas. Tem animo e contempla-te. 'Que direito tem este tipo de dizer-me o que quer que seja?' Leio esta pergunta nos teus olhos amedrontados. Ouco-a na sua impertinencia, Ze Ninguem. tens medo de olhar para ti proprio, tens medo da critica, tal como tens medo do poder que te prometeram e que nao saberias usar. Nao te atreves a pensar que poderias ser diferente: Livre em vez de deprimido, directo em vez de cauteloso, amando as claras e nao mais como um ladrao na noite. Tu mesmo te desprezas, Ze Ninguem. (...)
Wilhelm Reich
Wilhelm Reich
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home