A ETERNA ESPERA
«Não temos capacidade para tanta gente». É com esta frase que o elemento da segurança social presente no IPO nos foi tentando explicar algumas das dificuldades que encontram no apoio aos doentes continuados, terminologia utilizada para não rotular alguns doentes terminais.
O Instituto Português de Oncologia, considerado um dos melhores da Europa, é o único serviço hospitalar que tem uma secção para doentes terminais, e só contam com vinte camas para aqueles que aguardam pela sua morte de forma pacifica e mesmo sofredora. Esta unidade de cuidados continuados, presta apoio 24 h por dia a doentes internados e em ambulatório, estes «têm ligação directa com médicos da unidade e pessoal técnico», não se esquecendo do apoio aos familiares que é dado pelo telefone, onde lhes são dadas todas as explicações de como proceder com os doentes nestes casos. O familiar que ficar encarregue de olhar pelo doente, tem um subsidio pago pelo estado que varia consoante os rendimentos do agregado familiar e que normalmente chega a ser pouco significativo, tendo em conta os cuidados precisos.
Os doentes chamados terminais podem ainda contar com a Medicina Comunitária, só exercida com os que têm enfermagem ao domicilio. Estes, «são doentes muito mais carentes» aos quais o estado apoia materialmente, com camas, cadeiras e materiais necessários nesta doença. Não obstante, o apoio de enfermagem, apoio clínico e psicológico que é tão importante, não só para os doentes como também para todas as famílias que tanto sofrem com todo este drama. «A medicina Comunitária, só é possível aos doentes do distrito do porto», os outros têm de usar os seus próprios meios.
Só vão para a secção de serviços continuados aqueles que estão mesmo para morrer e muitos são aqueles que nem chegam a este serviço, uma vez que acabam por falecer nos corredores, após as operações e mesmo nos cuidados intensivos. Aqueles que felizmente sobrevivem, mas que a doença está tão avançada que mais nada poderá ser feito, são então encaminhados para os serviços continuados. Como este serviço só conta com vinte camas, os doentes são então distribuídos pelos vários hospitais da cidade do Porto que também têm apoio a este tipo de doenças. Os doentes de fora do grande Porto e que são muitos são encaminhados para os hospitais distritais e concelhios, ou seja, hospitais do respectivo concelho que também estão preparados para estes tratamentos. Muitos destes doentes ao tomarem conhecimento do estado avançado da sua doença,«preferem ir para casa para falecer junto das suas famílias», mas a realidade é que muitos deles nos últimos dias regressam ao hospital porque precisam de soro e outros cuidados que em casa não podem ter.
O estado paga também os medicamentos específicos dos doentes terminais, como são os anti-depressivos, calmantes, analgésicos, entre outros, aos doentes internados no hospital, e dá uma comparticipação nos medicamentos aos doentes que estão nas próprias casas. Importante será dizer que os doentes terminais podem ainda contar com «as IPSS, Instituições Portuguesas de Solidariedade Social, de carácter religioso, que dão apoio a doentes e/ou idosos, que também são subsidiadas pelo estado»
Ao entrar no serviço de doentes continuados do IPO, tem-se a possibilidade de verificar as condições excelentes cedidas para quem só lhe resta uma eterna espera. À medida que a curiosidade vai aumentando, vai-se espreitando pelas frinchas deixadas nas portas dos quartos individuais. A privacidade é tanta que se mistura com o silêncio assustador de quem já nada lhe resta, só a dignidade de quem já foi cidadão e tantos impostos pagou. Apesar do estado lhes ter dado uma sala de convívio onde vão conversando, jogando cartas e ouvindo e vendo alguns sons e imagens através de um
ecrã que lhes vai mostrando um mundo que já não é o deles, que lhes foi roubado sem qualquer justificação, só lhes resta esperar. Enquanto isso, a par dos olhares das enfermeiras, ouve-se uma e outra que dizem,«as condições são excelentes e todos temos muito apoio psicológico, mas só temos vinte camas. O estado acha que investir aqui é como meter dinheiro num saco roto, estão a investir em algo sem futuro».
«Não temos capacidade para tanta gente». É com esta frase que o elemento da segurança social presente no IPO nos foi tentando explicar algumas das dificuldades que encontram no apoio aos doentes continuados, terminologia utilizada para não rotular alguns doentes terminais.
O Instituto Português de Oncologia, considerado um dos melhores da Europa, é o único serviço hospitalar que tem uma secção para doentes terminais, e só contam com vinte camas para aqueles que aguardam pela sua morte de forma pacifica e mesmo sofredora. Esta unidade de cuidados continuados, presta apoio 24 h por dia a doentes internados e em ambulatório, estes «têm ligação directa com médicos da unidade e pessoal técnico», não se esquecendo do apoio aos familiares que é dado pelo telefone, onde lhes são dadas todas as explicações de como proceder com os doentes nestes casos. O familiar que ficar encarregue de olhar pelo doente, tem um subsidio pago pelo estado que varia consoante os rendimentos do agregado familiar e que normalmente chega a ser pouco significativo, tendo em conta os cuidados precisos.
Os doentes chamados terminais podem ainda contar com a Medicina Comunitária, só exercida com os que têm enfermagem ao domicilio. Estes, «são doentes muito mais carentes» aos quais o estado apoia materialmente, com camas, cadeiras e materiais necessários nesta doença. Não obstante, o apoio de enfermagem, apoio clínico e psicológico que é tão importante, não só para os doentes como também para todas as famílias que tanto sofrem com todo este drama. «A medicina Comunitária, só é possível aos doentes do distrito do porto», os outros têm de usar os seus próprios meios.
Só vão para a secção de serviços continuados aqueles que estão mesmo para morrer e muitos são aqueles que nem chegam a este serviço, uma vez que acabam por falecer nos corredores, após as operações e mesmo nos cuidados intensivos. Aqueles que felizmente sobrevivem, mas que a doença está tão avançada que mais nada poderá ser feito, são então encaminhados para os serviços continuados. Como este serviço só conta com vinte camas, os doentes são então distribuídos pelos vários hospitais da cidade do Porto que também têm apoio a este tipo de doenças. Os doentes de fora do grande Porto e que são muitos são encaminhados para os hospitais distritais e concelhios, ou seja, hospitais do respectivo concelho que também estão preparados para estes tratamentos. Muitos destes doentes ao tomarem conhecimento do estado avançado da sua doença,«preferem ir para casa para falecer junto das suas famílias», mas a realidade é que muitos deles nos últimos dias regressam ao hospital porque precisam de soro e outros cuidados que em casa não podem ter.
O estado paga também os medicamentos específicos dos doentes terminais, como são os anti-depressivos, calmantes, analgésicos, entre outros, aos doentes internados no hospital, e dá uma comparticipação nos medicamentos aos doentes que estão nas próprias casas. Importante será dizer que os doentes terminais podem ainda contar com «as IPSS, Instituições Portuguesas de Solidariedade Social, de carácter religioso, que dão apoio a doentes e/ou idosos, que também são subsidiadas pelo estado»
Ao entrar no serviço de doentes continuados do IPO, tem-se a possibilidade de verificar as condições excelentes cedidas para quem só lhe resta uma eterna espera. À medida que a curiosidade vai aumentando, vai-se espreitando pelas frinchas deixadas nas portas dos quartos individuais. A privacidade é tanta que se mistura com o silêncio assustador de quem já nada lhe resta, só a dignidade de quem já foi cidadão e tantos impostos pagou. Apesar do estado lhes ter dado uma sala de convívio onde vão conversando, jogando cartas e ouvindo e vendo alguns sons e imagens através de um
ecrã que lhes vai mostrando um mundo que já não é o deles, que lhes foi roubado sem qualquer justificação, só lhes resta esperar. Enquanto isso, a par dos olhares das enfermeiras, ouve-se uma e outra que dizem,«as condições são excelentes e todos temos muito apoio psicológico, mas só temos vinte camas. O estado acha que investir aqui é como meter dinheiro num saco roto, estão a investir em algo sem futuro».
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