sexta-feira, julho 25, 2003

Este texto será publicado no próximo dia 29 de Julho pelo jornal O Primeiro de Janeiro.

Avelab - Laboratório Médico de Análises Clínicas

Luta contra o tempo

"Nós costumamos dizer que a vida é como um filme, as análises clínicas respondem e respeitam, apenas e só, o cliché do momento, mas só é possível fazer o filme, se tiver uma sucessão de clichés". É com esta frase que o Dr. António Rodrigues, responsável pelo Avelab, mostra em entrevista a «O Primeiro de Janeiro», qual a importância de fazer análises regularmente, no sentido de prolongar a vida humana e diminuir algum sofrimento subjacente.

O Avelab é a primeira sociedade de profissionais na área da patologia clínica do País. Surgiu em 1977 aquando da junção de cinco colegas de Aveiro que se reúniram num laboratório intitulado "João de Aveiro". Em 1986, um dos cinco colegas saíu e nessa altura, com a entrada do Dr. António Rodrigues, fundou-se a Avelab - Laboratório Médico de Análises Clínicas.
O Laboratório está preparado para responder a todas as questões que são levantadas na área do diagnostico laboratorial, aos clínicos com os doentes em ambulatório, assim como subsidiariamente através de protocolos, apoia o hospital de Aveiro em todas as áreas que não são rentáveis para serem instalados numa unidade hospitalar.

Qual a importância das análises clínicas para compreender a medicina nos dias que correm?
Nós costumamos dizer que a vida é como um filme, as análises clínicas respondem e respeitam, apenas e só, o cliché do momento, mas só é possível fazer o filme, se tiver uma sucessão de clichés. Portanto é essencial termos clichés devidamente montados e seguros de forma a podermos trabalhar com segurança. Neste sentido, é essencial que tenhamos esta segurança nos nossos resultados para podermos fazer o cliché da nossa vida e podermos chegar antes de qualquer diagnóstico grave, ou seja, termos a possibilidade de ver como nos estamos a aproximar um acontecimento terrivel e anteciparmos isso. Por outro lado, temos a grande vantagem de dizer que enquanto andamos completamente saudáveis, com uma simples toma de sangue, podemos de imediato fazer diagnósticos prontos e tentarmos em pouco tempo prolongar o sofrimento que a vida confere a cada um de nós, que é o sofrimento de estarmos vivos, ao mesmo tempo que temos o prazer de existir.

De que forma revelam especiais cuidados ao nível do controlo de qualidade e segurança?
Nós realizamos a avaliação da qualidade externa e interna, em parceria com o serviço nacional de avaliação de qualidade Ricardo Jorge e com outros controlos internacionais, ou seja, realizamos três avaliações externas e uma interna. Neste momento, estamos inclusivamente na fase de avaliação das auditorias para a certificação.

Como é que vê o desenvolvimento desta área nos últimos anos?
Cada dia que passa vêmo-nos num desenvolvimento ciclopico. Neste momento tentamos diagnósticos em real time e dentro disto temos todas estas novas tecnologias ao nível da biologia molecolar, que estão na ordem do dia e daqui a dias, a especto....metria de massas como por ventura não será preciso nenhuma tecnica evasiva, para podermos analizar de alto a baixo cada momento, será creio eu, uma das perspectivas do futuro, naturalmente com altíssimos custos, mas é para onde se caminhará, sendo isto rentável para as empresas do instrumental.

Então considera que foram as novas tecnologias que contribuiram para este desenvolvimento?
Não, foi a capacidade de colocar dúvidas por parte dos homens, que fez com a tecnologia progredisse e avançasse. A tecnologia não avança por si só, se não houver clínicos com perspectivas muito profundas do desenvolvimento, não há instrumental que se remodele só por si, tem de haver sempre a capacidade de questionar bem as coisas no sentido de procurar as melhores respostas e aí, a tecnologia para facilitar, para comodidar e acelerar esseas mesmas respostas. Neste aspecto, hoje em dia temos um bom desenvolvimento ao nível dos testes de avaliação genética, quase em tempo real.

Considera que deveria existir mais rigor na atribuição de licenças a clínicas?
A maioria dos laboratórios que desenvolviam a sua actividade com algum sentido crítico, hoje, em razão da economia, tornaram-se economicamente não rentáveis e então, passam a fazer parte e são adquiridos por empresas que nada têm a ver com a área do diagnóstico, nem sequer com a inteligencia ou com o valor acrescentado da clínica laboratorial. Trata-se de interesses económicos que começaram com os americanos, seguidos pelos alemães e mais recentemente, um conjunto de situações que constituem uma acção preocupante, porque poderá pôr em causa a viabilidade do ministério da saúde.

Como encara o enquadramento legal que orienta o vosso tipo de actividade em Portugal?
Eu penso que o decreto das convenções actualmente existente, bem como o estatuto do serviço nacional de saúde é ofensivo da lei de bases da saúde e na altura, a Dra. Maria de Belém prejudicou essencialmente os utentes, ou seja, os cocidadãos, que a qualquer momento carecem de serviços de saúde. Julgo que há que reformular algumas coisa, nós temos uma legislação muito contraditória e espero bem que nesta área, a comissão tecnica nacional, que está constituida por um decreto de licenciamento com imensas aberrações, possa corrigir todo um conjunto de legislação contraditória e propor alguns decretos reguladores.

Como entidade presente no panorama da saúde português, sentem algum tipo de apoio por parte do Ministério da Saúde?
Não, o ministério da saúde não só propicía nada de bom como tudo complica, seja pela asfixia económica que vai colocando ao nível dos atrasos do não cumprimento dos acordos, quer pela colocação em causa da sobrevivencia económica de algumas entidades. Paralelamente está, neste momento, numa via complicada de verdadeiro terrorismo comercial, isto é, o serviço nacional de saúde e as suas estruturas directamente pendentes realizam concorrencia desleal.

Que conselho deixaria aos utentes, em termos de diagnóstico de rotina?
Nós fazemos anos todos os anos e durane as três primeiras décadas de vida, devemos fazer análises pelo menos uma vez por ano. A partir daí, em razão das situações que se possam vir a encontrar, eu creio que, duas vezes serão necessárias para podermos ser uteis na utilização profilática das doenças cardiovasculares.