Este texto foi publicado no passado dia 16 de Abril pelo jornal O Primeiro de Janeiro
Politécnico de Tomar
"A defesa do nosso património está a ser o único Petróleo que temos". Esta é a expressão que o presidente do Instituto Politécnico de Tomar e fundador da Instituição, professor Dr. José Bayolo Pacheco de Amorim utiliza para descrever a importância de alguns cursos do ensino superior no sentido de criar ciência e saber - a maior riqueza do ser humano.
Em termos de oferta curricular, como definiria a posição e a «filosofia adoptadas pelo Instituto Politécnico de Tomar (IPT)? Para que áreas centram a vossa actividade?
Logo que tomei posse da presidencia da Comissão Instaladora encarregada de criar aqui uma unidade de Ensino Superior Politécnico, a primeira preocupação que tivemos foi exactamente a da escolha das áreas e cursos a estabelecer.
Ponderámos, as necessidades do país a nível nacional, as da região, incluindo as suas tradições (como construção civil), as que, pelo enquadramento da cidade e da região, podiam corresponder à maior vocação e procura por parte dos alunos.
Este último aspecto interessava especialmente, dado que, na impossibilidade prática de cada Instituto ter todos os cursos, importava que os existentes correspondessem à maior percentagem de vocação e procura por parte dos alunos da região.
Por outro lado, considerou-se ainda que, tratando-se de Ensino Superior, teria de ter componentes nas áreas das tecnologias e componentes nas áreas das Humanidades.
Foi com base nessas considerações que escolhemos os seis primeiros cursos, que vieram a constituir depois os nossos primeiros departamentos: Arte, Arqueologia e Restauro; Artes Gráficas; Gestão de Empresas; Engenharia Civil; Engenharia Electrotécnica; Engenharia Quimica e do Ambiente.
O curso de Conservação e Restauro, que logo arrancou a nível da Licenciatura, uma concepção inovadora com forte componente de História Universal e de Portugal, de História de Arte, de Pré-História, de Química, de Física, dos Materiais, entre outros, e, naturalmente, das Tecnologias de Restauro, foi o primeiro a esse nível em Portugal, e não nos consta que, fora do nosso país, haja mais algum no resto do mundo. Os que tenho visto, constam somente da preparação de Artífices para Restauro (e, alguns, de altíssima qualidade). Mas, isto, é tema que considero de maior importância e a que me tenho referido muitas vezes. Ele é a base, da defesa do nosso Património, que, por sua vez, e cada vez mais, está a ser o único "Petróleo" que temos!... - desculpará a alusão!
Por isso me preocupa muito que maus restauradores andem a destrui-lo!
Na sua opinião, esse plano curricular vai de encontro às reais necessidades do mercado?
Na resposta à primeira pergunta já me referi a esse aspecto, e, eu creio termos acertado no que a respeito dele, decidimos. Acontece porém que o conjunto do que se ensina tem de acompanhar a evolução dos tempos, isto é, tem de, nos cursos de aplicação prárica, se ajustar à evolução das necessidades. E é exactamente isso que temos feito.
É talvez por essa razão que os nossos alunos têm tido grande facilidade de colocação.
Após a conclusão de um dos cursos é disponibilizado algum tipo de acompanhamento aos alunos no mercado de trabalho? O IPT mantém parcerias com empresas ou outras entidades?
Os nossos cursos têm estágios que, para além da constituírem um primeiro contacto com o mundo do trabalho, têm sido permanentemente uma porta de entrada para uma colocação. Para o efeito, temos protocolos com várias empresas e instituições.
Considera que as potencialidades da região onde se encontram inseridos estão a ser cabalmente aproveitadas?
É difícil responder a essa pergunta. Em alguns aspectos digo-lhe francamente que não. Cito um, que me parece o mais preocupante. Repare, Tomar, com o seu passado, e possuindo ainda um flagrante testemunho dele, que é o Convento de Cristo, está naturalmente vocacionada para ser sede, não só de uma unidade de Ensino Superior (a cuja criação me orgulho de ter presidido, e de ainda presidir), mas também, de constituir um grande Centro Cultural. Situada no centro do país, próximo das grandes linhas de comunicação, mas sem ser por elas atravessada, tem condições de vir a ter um papel semelhante ao que Coimbra, desde há séculos, tem desempenhado e continua a desempenhar ainda hoje.
Os esforços, porém, que tenho desenvolvido para o arranque, transformando essa ideia e esse nosso projecto em realidade, começando por criar naquele convento (que está vazio e desamparado) num grande Centro Cultural de investigação científica, têm sido completamente inúteis!
É porem tempo de a cidade acordar e unir esforços para a defesa do seu futuro, podendo, e devendo, dar essa contribuição fundamental para o próprio futuro do país. Para tanto, poderá contar sempre com o seu Instituto Politécnico.
Do seu ponto de vista, quais são os principais entraves ao desenvolvimento da região em que se insere o Instituto?
Aqui, como em toda a parte, os entraves são sempre os mesmos, e sempre desesperantes, para quem, como eu, não gostam de estar parados: os entraves são sempre ... a inércia!
E sei lá que mais?
Que contributo poderá dar o IPT para o desenvolvimento da região na qual se encontra inserido?
Dir-lhe-ia que faça a comparação: nós. ensino politécnico, partimos aqui do zero, há precisamente 20 anos completados em Outubro último. Partimos do zero, e somos hoje a maior instituição de Tomar, constituindo, com alunos, funcionários e docentes, mais de um quarto da população da cidade!
Que alternativas se poderão encontrar no plano curricular estabelecido pelo IPT para a renovação das actividades tradicionais e do tecido empresarial da região?
Tivemos em conta, como lhe disse no início, exactamente essas considerações na escolha dos cursos iniciais e dos que têm sido depois criados e actualmente existentes. Isto é, temos crescido acompanhando exactamente a evolução dessas necessidades como são exemplos os cursos de Fotografia, Artes Plásticas e Informática na ESTT ou cursos de Auditoria e Fiscalidade Pública e Gestão Turística e Cultural da ESGT, ou ainda os cursos de Engenharia Mecânica e Comunicação Social em Abrantes.
Que palavra deverão ter as instituições de ensino na promoção das regiões e neste processo de «revitalização»?
As instituições de ensino superior constituem um factor essencial de fomento das regiões em que se inserem, como é sabido desde há séculos, e, bem assim, do próprio país.
Mas, a utilização desse factor depende essencialmente das respectivas autoridades e das populações.
Não basta que o ensino superior crie a ciência e o saber (que é a principal função), é preciso que os poderes os saibam e os queiram utilizar.
Politécnico de Tomar
"A defesa do nosso património está a ser o único Petróleo que temos". Esta é a expressão que o presidente do Instituto Politécnico de Tomar e fundador da Instituição, professor Dr. José Bayolo Pacheco de Amorim utiliza para descrever a importância de alguns cursos do ensino superior no sentido de criar ciência e saber - a maior riqueza do ser humano.
Em termos de oferta curricular, como definiria a posição e a «filosofia adoptadas pelo Instituto Politécnico de Tomar (IPT)? Para que áreas centram a vossa actividade?
Logo que tomei posse da presidencia da Comissão Instaladora encarregada de criar aqui uma unidade de Ensino Superior Politécnico, a primeira preocupação que tivemos foi exactamente a da escolha das áreas e cursos a estabelecer.
Ponderámos, as necessidades do país a nível nacional, as da região, incluindo as suas tradições (como construção civil), as que, pelo enquadramento da cidade e da região, podiam corresponder à maior vocação e procura por parte dos alunos.
Este último aspecto interessava especialmente, dado que, na impossibilidade prática de cada Instituto ter todos os cursos, importava que os existentes correspondessem à maior percentagem de vocação e procura por parte dos alunos da região.
Por outro lado, considerou-se ainda que, tratando-se de Ensino Superior, teria de ter componentes nas áreas das tecnologias e componentes nas áreas das Humanidades.
Foi com base nessas considerações que escolhemos os seis primeiros cursos, que vieram a constituir depois os nossos primeiros departamentos: Arte, Arqueologia e Restauro; Artes Gráficas; Gestão de Empresas; Engenharia Civil; Engenharia Electrotécnica; Engenharia Quimica e do Ambiente.
O curso de Conservação e Restauro, que logo arrancou a nível da Licenciatura, uma concepção inovadora com forte componente de História Universal e de Portugal, de História de Arte, de Pré-História, de Química, de Física, dos Materiais, entre outros, e, naturalmente, das Tecnologias de Restauro, foi o primeiro a esse nível em Portugal, e não nos consta que, fora do nosso país, haja mais algum no resto do mundo. Os que tenho visto, constam somente da preparação de Artífices para Restauro (e, alguns, de altíssima qualidade). Mas, isto, é tema que considero de maior importância e a que me tenho referido muitas vezes. Ele é a base, da defesa do nosso Património, que, por sua vez, e cada vez mais, está a ser o único "Petróleo" que temos!... - desculpará a alusão!
Por isso me preocupa muito que maus restauradores andem a destrui-lo!
Na sua opinião, esse plano curricular vai de encontro às reais necessidades do mercado?
Na resposta à primeira pergunta já me referi a esse aspecto, e, eu creio termos acertado no que a respeito dele, decidimos. Acontece porém que o conjunto do que se ensina tem de acompanhar a evolução dos tempos, isto é, tem de, nos cursos de aplicação prárica, se ajustar à evolução das necessidades. E é exactamente isso que temos feito.
É talvez por essa razão que os nossos alunos têm tido grande facilidade de colocação.
Após a conclusão de um dos cursos é disponibilizado algum tipo de acompanhamento aos alunos no mercado de trabalho? O IPT mantém parcerias com empresas ou outras entidades?
Os nossos cursos têm estágios que, para além da constituírem um primeiro contacto com o mundo do trabalho, têm sido permanentemente uma porta de entrada para uma colocação. Para o efeito, temos protocolos com várias empresas e instituições.
Considera que as potencialidades da região onde se encontram inseridos estão a ser cabalmente aproveitadas?
É difícil responder a essa pergunta. Em alguns aspectos digo-lhe francamente que não. Cito um, que me parece o mais preocupante. Repare, Tomar, com o seu passado, e possuindo ainda um flagrante testemunho dele, que é o Convento de Cristo, está naturalmente vocacionada para ser sede, não só de uma unidade de Ensino Superior (a cuja criação me orgulho de ter presidido, e de ainda presidir), mas também, de constituir um grande Centro Cultural. Situada no centro do país, próximo das grandes linhas de comunicação, mas sem ser por elas atravessada, tem condições de vir a ter um papel semelhante ao que Coimbra, desde há séculos, tem desempenhado e continua a desempenhar ainda hoje.
Os esforços, porém, que tenho desenvolvido para o arranque, transformando essa ideia e esse nosso projecto em realidade, começando por criar naquele convento (que está vazio e desamparado) num grande Centro Cultural de investigação científica, têm sido completamente inúteis!
É porem tempo de a cidade acordar e unir esforços para a defesa do seu futuro, podendo, e devendo, dar essa contribuição fundamental para o próprio futuro do país. Para tanto, poderá contar sempre com o seu Instituto Politécnico.
Do seu ponto de vista, quais são os principais entraves ao desenvolvimento da região em que se insere o Instituto?
Aqui, como em toda a parte, os entraves são sempre os mesmos, e sempre desesperantes, para quem, como eu, não gostam de estar parados: os entraves são sempre ... a inércia!
E sei lá que mais?
Que contributo poderá dar o IPT para o desenvolvimento da região na qual se encontra inserido?
Dir-lhe-ia que faça a comparação: nós. ensino politécnico, partimos aqui do zero, há precisamente 20 anos completados em Outubro último. Partimos do zero, e somos hoje a maior instituição de Tomar, constituindo, com alunos, funcionários e docentes, mais de um quarto da população da cidade!
Que alternativas se poderão encontrar no plano curricular estabelecido pelo IPT para a renovação das actividades tradicionais e do tecido empresarial da região?
Tivemos em conta, como lhe disse no início, exactamente essas considerações na escolha dos cursos iniciais e dos que têm sido depois criados e actualmente existentes. Isto é, temos crescido acompanhando exactamente a evolução dessas necessidades como são exemplos os cursos de Fotografia, Artes Plásticas e Informática na ESTT ou cursos de Auditoria e Fiscalidade Pública e Gestão Turística e Cultural da ESGT, ou ainda os cursos de Engenharia Mecânica e Comunicação Social em Abrantes.
Que palavra deverão ter as instituições de ensino na promoção das regiões e neste processo de «revitalização»?
As instituições de ensino superior constituem um factor essencial de fomento das regiões em que se inserem, como é sabido desde há séculos, e, bem assim, do próprio país.
Mas, a utilização desse factor depende essencialmente das respectivas autoridades e das populações.
Não basta que o ensino superior crie a ciência e o saber (que é a principal função), é preciso que os poderes os saibam e os queiram utilizar.
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